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Croatoan | A colônia inglesa desaparecida de Roanoke

Tudo começou durante a colonização do continente americano em 1583 quando a Rainha Elizabeth I, teria dado a Sir Walter Raleigh uma carta régia para a colonização estabelecendo um assentamento inglês permanente da região da América do Norte, conhecida atualmente como estado da Virgínia.


A carta especificava que Raleigh tinha dez anos para estabelecer um assentamento na América do Norte ou perderia os direitos de colonização.


Sir Walter Raleigh


Raleigh e Elizabeth pretendiam que o empreendimento provesse riquezas do Novo Mundo e uma base a qual seriam enviados corsários para inteceptar os navios carregados de tesouros da frota espanhola.


A Primeira Exploração


Em 1584, Raleigh despachou uma expedição para explorar a costa oriental da América do Norte em busca de um sítio apropriado. A expedição foi liderada por Phillip Amadas e Arthur Barlowe, os quais escolheram os Outer Banks da moderna Carolina do Norte como ponto ideal a partir do qual poderiam atacar os espanhóis, que possuíam assentamentos ao sul, e continuar a fazer contatos com os índios americanos, a tribo croatana dos pamlicos.


Primeiro Grupo de Colonos


Na primavera seguinte, uma expedição colonizadora composta só por homens, foi enviada para fundar a colônia. O líder desta tentativa de assentamento, Sir Richard Grenville, ficou encarregado de avançar a exploração da área, estabelecer a colônia e voltar à Inglaterra com notícias sobre o sucesso do empreendimento.


Sir Richard Grenville


Após uma exploração inicial da costa continental e de uma recepção cordial por parte das populações indígenas ali assentadas, os nativos da aldeia de Aquascogoc foram acusados de roubar uma xícara de prata. Numa retaliação despropositada, Grenville ordenou então que a aldeia fosse incendiada.


Apesar deste grave incidente e da falta de comida, em agosto de 1585, Grenville decidiu deixar Ralph Lane e 107 homens para fundar a colônia inglesa no norte da ilha de Roanoke, onde um forte havia sido construído. Prometeu retornar em abril de 1586, com mais homens e suprimentos.


Em abril de 1586, Grenville ainda não havia retornado e a atitude dos colonos (que faziam reféns e roubavam a comida dos índios) já havia despertado grande hostilidade entre as tribos vizinhas. Rumores davam conta de que Wingina, cacique da tribo de Roanoke, planejava atacar os colonos antes que estes roubassem seus suprimentos; ao tomar conhecimento disto, Lane resolveu agir primeiro. Foi até a aldeia de Dasamonquepeuc com seus homens, pretensamente para discutir uma reclamação e, lá dentro, atacaram os índios, decapitaram Wingina e puseram fogo na aldeia.


Em junho, os colonos receberam a visita da frota de Sir Francis Drake, que ofereceu um barco, o Francis, e um mês de suprimentos para que os colonos retornassem à Inglaterra. Lane não parecia muito propenso a partir e, a princípio cogitou em mandar de volta somente os doentes.


Porém, uma grande tempestade (talvez um furacão) atrapalhou os planos de Drake e dos colonos, dispersando a frota e fazendo com que o Francis fosse arrastado para alto-mar. Drake, então, ofereceu um segundo navio, o Bonner, grande demais para navegar pela enseada, e Lane então decidiu que era hora de partir.


Assim, em 18 de junho de 1586, terminou de forma confusa a primeira tentativa de colonização.


Três homens foram deixados para trás e se tornaram os primeiros "colonos perdidos". Quando Grenville finalmente chegou, duas semanas mais tarde, com suprimentos e 400 homens, a colônia foi encontrada deserta. Grenville decidiu não deixar um grande contingente, e destacou apenas quinze homens para garantir a presença inglesa na região e proteger os direitos de Raleigh sobre a Virgínia.


Segundo Grupo de Colonos


Em 1587, Raleigh decidiu enviar outro grupo de colonizadores. Desta vez, seus planos eram muito mais ambiciosos e ele pretendia fundar não mais uma colônia, mas uma cidade: a Cittie of Ralegh, oficialmente constituída em 7 de janeiro de 1587.


Com um número de 115 pessoas, incluindo 16 mulheres e 9 meninos, os novos colonos eram pessoas que haviam investido no projeto ou que haviam se vinculado ao mesmo com suas famílias, em troca de 500 acres de terra e participação na administração da colônia.


Liderados por John White, um artista e amigo de Raleigh que havia acompanhado as expedições anteriores à Roanoke, o novo grupo tinha por incumbência substituir os quinze homens deixados por Grenville no ano anterior, e encontrar um local de assentamento mais ao norte, na baía de Chesapeake, onde navios de grande porte pudessem atracar.


A bordo do Lyon, o grupo deixou a Inglaterra em 8 de maio de 1587. O barco rápido desapareceu numa tempestade, ao largo da costa de Portugal. Em 16 de julho, avistaram o continente (mas fora da localização correta, por erro do piloto da frota) e em 22 de julho, finalmente chegaram a Roanoke.


Mapa da região de Roanoke, feito por John White


Ao desembarcar da pinaça na ilha de Roanoke, acompanhado por 40 homens, John White esperava fazer contato com os quinze homens de Grenville e depois velejar para o norte em busca de um bom local para estabelecer a Cittie of Ralegh.


Ao invés de encontrarem os 15 homens, depararam-se com o forte devastado e nenhum sinal de seus habitantes, exceto o esqueleto de um deles.


Cerca de uma semana após a chegada dos ingleses, um dos colonos, George Howe, foi morto numa emboscada enquanto pescava. Foi então organizada uma patrulha de vinte homens, chefiados por Edward Stafford e acompanhada do índio croatano Manteo, intérprete do grupo. O grupo dirigiu-se para a ilha Croatoan, lar de Manteo, em busca de pistas sobre os culpados pelo crime. Ali, os croatanos informaram à Stafford que Howe havia sido morto por membros da tribo de Wingina.


Como represália, Stafford e doze dos seus homens atacaram a aldeia de Dasamonquepeuc. Só tardiamente tomaram ciência de que os roanokes haviam fugido após o assassinato, temendo a reação dos ingleses, e que os croatanos haviam ocupado a aldeia, para colher o milho abandonado pelos fugitivos.


Curiosamente, o índio Manteo culpou o próprio povo por não ter alertado os ingleses para esse possível mal-entendido, e, por sua lealdade, em 13 de agosto de 1587 ele tornou-se simultaneamente o primeiro ameríndio batizado pelo protestantismo, e também a primeira pessoa a receber um título de nobreza inglês no Novo Mundo, tendo sido nomeado por Sir Walter Raleigh como Lorde de Roanoke e de Dasamonquepeuc.


Em 18 de agosto de 1587, outro acontecimento trouxe alegria à colônia: o nascimento da primeira criança de pais ingleses no Novo Mundo, Virginia Dare, filha de Elinor White Dare e neta de John White. Tempos depois, Margery Harvey deu à luz uma outra criança, cujo nome e sexo não foram preservados.


Em 22 de agosto, um mês depois da chegada, tornou-se claro que a colônia, para subsistir, precisaria de mais suprimentos com urgência. Antes de partir, John White, combinou com os colonos que, caso estes necessitassem abandonar o forte em virtude de um ataque, deveriam gravar o destino planejado e uma cruz-de-malta numa árvore, para orientar um eventual grupo de resgate.


Finalmente, em 25 de agosto, ele zarpou de volta para casa. E só chegou na Inglaterra em meados de outubro.


Mesmo após chegar à Inglaterra, as provações de White não terminaram. A ameaça da Invencível Armada de Filipe II de Espanha inviabilizou o envio imediato de uma frota de resgate. Embora White houvesse conseguido seis barcos pequenos, apenas após uma longa espera de quatro meses as duas embarcações menores, a barca Brave e a pinaça Roe, foram consideradas inadequadas para o plano de defesa da Inglaterra e liberadas para partir. Todavia, o Brave envolveu-se em combate contra navios franceses maiores e foi obrigado a retornar ao porto de origem. Pouco depois, o Roe tomou o mesmo rumo.


A batalha contra a Invencível Armada foi fatal para a ideia de um retorno rápido à Roanoke. Apenas em 15 de agosto de 1590, três anos após sua partida, White pisou novamente nos Outer Banks.


No dia seguinte, os ingleses avistaram uma coluna de fumaça saindo da ilha, e supuseram que se tratava de um sinal feito pelos colonos. Todavia, não foi encontrado nenhum vestígio deles ao longo da costa. Em 18 de agosto, os ingleses chegaram ao sítio da colônia. Num dos troncos da paliçada que cercava o forte, havia sido gravada a palavra CROATOAN, e CRO, numa árvore próxima, mas sem a cruz-de-malta que indicaria um ataque inimigo. No interior da paliçada, as casas haviam sido derrubadas e havia uma grande quantidade de implementos metálicos espalhados pelo chão, já cobertos pelo mato.



White pretendia velejar até a ilha Croatoan para verificar se os colonos realmente estavam lá, mas problemas com as embarcações e a ameaça de uma grande tempestade inviabilizaram seu propósito. No dia seguinte, a frota levantou âncora de volta à Inglaterra.


White jamais retornou à Roanoke.


A Pedra de Eleanor White Dare


Enquanto viajava pala Carolina do Norte, em 1937, um turista em 1937, encontrou uma pedra em um pântano. E a entregou ao departamento de História da Universidade de Emory, em Atlanta.


Na pedra, havia os escritos: "Ananias Dare & Virginia foram para o céu 1590. Anye Shew. John White Govr Via". Do outro lado havia uma mensagem descrevendo os 2 anos de sofrimento da colônia de Roanoke devido a doenças, guerras e ritos. Foi assinada com as siglas EWD, possivelmente de Eleanor White Dare, irmã de John White.



Somente em 2016, a autenticidade do artefato foi confirmada, quando o geologista Ed Schrader cortou uma ponta da pedra e descobriu que o interior era branco brilhante, em contraste com a superfície marrom. Esse escurecimento leva séculos para acontecer, e em 1930 não havia produtos químicos para forjar a coloração.


Ainda é necessária uma investigação geoquímica, mas, sem sombra de dúvidas, a pedra se tornou um dos artefatos mais valiosos do início do período norte-americano. Apesar da explicação de Eleanor, o mistério do que aconteceu em Roanoke apenas foi levado à um novo frenesi.


As Teorias de Roanoke


Existem várias teorias levantadas para o que aconteceu aos colonos. Algumas possíveis e bem reais, outras até ligadas ao sobrenatural.


Muitos ligam a palavra ao demônio Croaton, o qual os indígenas acreditavam habitar o local onde os colonos ficaram. Demônio também que era o motivo dos mesmo indígenas nunca terem tentado passar para aquela parte das terras.


Dizem que durante a noite os colonos eram perturbados por barulhos "vindos de lugar nenhum", de pessoas gritando e coisas sendo arrastadas para dentro da mata. Como nada restou da antiga "civilização", jamais saberemos o motivo pelo qual todos desapareceram.


As principais teorias levantadas até hoje, dizem que os colonos ingleses deixaram o assentamento pela falta de comida. E foram para outras cidades, tentando sobreviver. Uma das principais "provas" dessa teoria, é a descendência dos colonos, que se casaram e tiveram filhos com os índios e até hoje acredita-se nisso, por causa da característica física, do inglês falado quase perfeitamente e por se considerarem cristãos.


Outras teorias dizem que os colonos fugiram por causa dos ataques dos índios, e também existe uma versão de que eles foram presos, escravizados e mortos pelos índios.


Dizem também, que a colônia foi atacada pelos espanhóis. Ou que tentaram retornar a Inglaterra, com o barco deixado por White. Porém, morreram e desapareceram no mar.


Referências sobre Roanoke no Cinema e Televisão


No filme Mistério da Rua 7, todas as pessoas desaparecem misteriosamente e é possível ver, na rua, "Croatoan" escrito numa ponte, uma referencia ao desaparecimento da Colônia de Roanoke.

No filme A Tempestade do Século, há uma representação considerável sobre a lenda de Croatoan.

No filme Caçadores de Mentes, também há uma referência a Croatoan.


O episódio Croatoan da série de televisão Supernatural, contou a história de uma cidade onde um vírus demoníaco infestava os habitantes e os transformava em "zumbis" com personalidade selvagem. A infecção dava-se através do contato com sangue infectado. Após a noite de terror, a população infectada desapareceu, porém o sangue contaminado que estava no hospital local, ficou misteriosamente limpo da infecção. Assim, no enredo do episódio, o sumiço da população também se torna um mistério para os irmãos, porém, ao final do mesmo, fica-se claro que o ataque do vírus foi um teste de Azazel (Demônio do olho amarelo), para ver se Sam era imune a tudo, já que o irmão Winchester é infectado, porém a doença não se manifesta. Croatoan é a mesma palavra encontrada nas árvores da colônia de Roanoke. O personagem Sam Winchester, conta ao irmão Dean Winchester, a história da colônia de Roanoke, dando várias suposições sobre o sumiço da colônia, entre elas, um ataque demoníaco.


No décimo primeiro episódio da primeira temporada da série de televisão American Horror Story, Birth, a médium Billie Dean, personagem de Sarah Paulson ao explicar sobre as forças sobrenaturais que aprisionam um espírito dentro de um espaço cita a Colônia de Roanoke, segundo ela, todos os 117 homens, mulheres e crianças morreram misteriosamente e desde então a colônia se tornou conhecida como a Colônia Fantasma, assim, esses espíritos matavam sem pudor as tribos que ali resolviam habitar. Um ancião de uma das tribos decidiu que precisava expulsar esses espíritos, então coletou um talismã de cada um dos espíritos, queimou e invocou os espíritos e antes que estes pudessem fazer mal o ancião completou a maldição, que expulsaria os espíritos dali para sempre, usando a palavra Croatoan, a mesma encontrada em um poste da colônia.


Também em American Horror Story, virou o tema da 6º temporada da série, intitulado de AHS6, ou American Horror Story: Roanoke.


Na série televisiva Sleepy Hollow há, no quinto episódio da primeira temporada, um garoto que é levado por uma menina desconhecida a correr por uma floresta, desta forma, este garoto que estava na colônia de Roanoke vai parar na cidade de Sleepy Hollow no ano de 2013.


Este garoto está infectado com uma praga demoníaca, a qual começa a ser passada para outros habitantes de Sleepy Hollow. Ichabod Crane percebe que o garoto não é deste tempo e sim de um passado distante e descoberto isso, ele percebe que este garoto pode ter vindo da lendária Colônia de Roanoke, o que se confirma durante o episódio. Ao final do episódio revela-se que na verdade todos os colonos já estavam mortos e não perdidos como se imaginava.


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